Geral

10 mai 24 | 9h10 Por Luan De Bortoli

Pesquisador do RS afirma que “cidades inteiras podem ter que mudar de lugar” após enchente

Ecólogo já havia alertado em 2022 sobre despreparo com mudanças climáticas e fala em rever planos diretores de cidades gaúchas

Pesquisador do RS afirma que “cidades inteiras podem ter que mudar de lugar” após enchente
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O ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), afirma que pode ser preciso mudar cidades inteiras de lugar após as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o começo de maio.

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Ele pontua a necessidade dos municípios gaúchos trabalharem a resiliência durante eventos climáticos como este e, em 2022, já havia feito um alerta sobre o despreparo com as mudanças climáticas. Conforme a reportagem da BBC, o pesquisador chamou atenção para a falta de conhecimento das áreas de risco das cidades gaúchas.

"Não podemos impedir que o evento climático ocorra, nem os próximos, porque eles vão acontecer. Mas dá para sermos mais resilientes a isso? Dá. Talvez se nós já tivéssemos afastado as pessoas das áreas de maior risco. É possível saber onde o evento se torna mais grave primeiro", afirma. Segundo ele, com planejamento, seria possível tirar moradores das áreas mais vulneráveis.

Agora, ele afirma que será necessário mudar cidades inteiras de lugar. "Cidades inteiras vão ter que mudar de lugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreas de encostas, as margens de rios e as cidades que estão dentro de vales".

Dutra afirma que é preciso “devolver para a natureza” espaços mais sensíveis aos alagamentos, não apenas de encostas, mas também de áreas úmidas e próximas a rios, por exemplo. No entanto, estas acabam sendo as mais valorizadas pelo setor imobiliário.

São justamente estas áreas que atuam como “esponja” em períodos de fortes chuvas, explica o ecólogo.

Reconstrução

Marcelo Dutra da Silva defende ainda que as cidades atingidas revisem seus planos diretores antes de reconstruir tudo. Para ele, os governos federal e estadual devem estimular estas revisões. O governador Eduardo Leite (PSDB) já declarou que o Estado vai precisar de um “plano Marshall”, em referência ao plano de reconstrução na Europa após a Segunda Guerra Mundial.

"O olhar daqui para a frente precisa ser mais técnico, e pensar em adaptar a cidade para situações tão extremas. […] Estamos falando de sobrevivência, porque significa você colocar lá [em áreas de risco] um empreendimento e ele ficar debaixo d’água."


Fonte: NSC

10 mai 24 | 9h10 Por Luan De Bortoli

Pesquisador do RS afirma que “cidades inteiras podem ter que mudar de lugar” após enchente

Ecólogo já havia alertado em 2022 sobre despreparo com mudanças climáticas e fala em rever planos diretores de cidades gaúchas

Pesquisador do RS afirma que “cidades inteiras podem ter que mudar de lugar” após enchente

O ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), afirma que pode ser preciso mudar cidades inteiras de lugar após as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o começo de maio.

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Ele pontua a necessidade dos municípios gaúchos trabalharem a resiliência durante eventos climáticos como este e, em 2022, já havia feito um alerta sobre o despreparo com as mudanças climáticas. Conforme a reportagem da BBC, o pesquisador chamou atenção para a falta de conhecimento das áreas de risco das cidades gaúchas.

"Não podemos impedir que o evento climático ocorra, nem os próximos, porque eles vão acontecer. Mas dá para sermos mais resilientes a isso? Dá. Talvez se nós já tivéssemos afastado as pessoas das áreas de maior risco. É possível saber onde o evento se torna mais grave primeiro", afirma. Segundo ele, com planejamento, seria possível tirar moradores das áreas mais vulneráveis.

Agora, ele afirma que será necessário mudar cidades inteiras de lugar. "Cidades inteiras vão ter que mudar de lugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientes de maior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreas de encostas, as margens de rios e as cidades que estão dentro de vales".

Dutra afirma que é preciso “devolver para a natureza” espaços mais sensíveis aos alagamentos, não apenas de encostas, mas também de áreas úmidas e próximas a rios, por exemplo. No entanto, estas acabam sendo as mais valorizadas pelo setor imobiliário.

São justamente estas áreas que atuam como “esponja” em períodos de fortes chuvas, explica o ecólogo.

Reconstrução

Marcelo Dutra da Silva defende ainda que as cidades atingidas revisem seus planos diretores antes de reconstruir tudo. Para ele, os governos federal e estadual devem estimular estas revisões. O governador Eduardo Leite (PSDB) já declarou que o Estado vai precisar de um “plano Marshall”, em referência ao plano de reconstrução na Europa após a Segunda Guerra Mundial.

"O olhar daqui para a frente precisa ser mais técnico, e pensar em adaptar a cidade para situações tão extremas. […] Estamos falando de sobrevivência, porque significa você colocar lá [em áreas de risco] um empreendimento e ele ficar debaixo d’água."


Fonte: NSC