Opinião

12 mar 21 | 19h08

Qual seria o impacto que a pandemia proporcionaria se tivesse ocorrido há algumas décadas atrás?

Qual seria o impacto que a pandemia proporcionaria se tivesse ocorrido há algumas décadas atrás?
Imprimir


Se buscarmos na história resposta para essa questão, vamos lembrar que houve uma pandemia de escala global, em linhas gerais, muito parecida com a do coronavírus, foi a gripe espanhola que ocorreu há mais ou menos 100 anos atrás. Porém vamos combinar que ficar em quarentena, hoje em dia, com um pote de pipoca nas mãos vendo Netflix e tomando cerveja é muito mais fácil que lutar contra o vírus influenza da gripe espanhola, num período que não se tinha informação adequada a respeito do vírus, uma medicina que não contava com os recursos que hoje conta, padrões sanitários inadequados, escassez de alimentos entre outras dificuldades inerentes à época, resultado, que a pandemia que durou 2 anos de 1918 a 1919, deixou mais de 20 milhões de mortos pelo mundo todo e pelo menos 600 milhões de infectados.


Nessa comparação com outros momentos de crises que a humanidade enfrentou, como as grandes guerras e pandemias, vamos acabar percebendo que sim, estamos em condição privilegiada de luta, não estou banalizando o vírus, pelo contrário até porque faço essa afirmação no pior momento da pandemia, hospitais lotados e com filas de espera por leitos, recordes diários de mortes, lockdown em diversas cidades entre outros dados entristecedores que essa pandemia da causa.

O fato que as soluções que norteiam nossas ações diárias, e vão desde fazer negócios via internet, a pagar contas pelo smartphone, pedir comida em casa, e principalmente no contexto de entretenimento, pois é inegável que passar por uma quarentena sem assistir filmes ou a sua série favorita, seria de um tédio sem tamanho, assim como seria deprimente ficar sem qualquer contato com amigos e familiares que se dá geralmente via redes sociais, Whats app, Facebook e Instagram. Inegavelmente a tecnologia remodelou nossos comportamentos e hábitos, por consequência facilitando o enfrentamento das dificuldades, como é o caso da pandemia do coronavírus.


Durante as adversidades que pautaram a história da humanidade, as pessoas lutaram para salvar o que lhes era, ou parecia ser mais precioso, fosse a liberdade, a honra, a terra ou própria vida com as condições que cada época oferecia. Perceba, passar por uma guerra por exemplo, é muito distante de encarar uma pandemia, parece óbvio, mas exige uma compreensão analítica. O indivíduo que se vê no meio de uma guerra, tinha muitas vezes, a casa destruída, passava fome, perdia entes queridos e amigos, perdia-se tudo, em certas ocasiões até a dignidade em nome de bandeiras e valores que muitas vezes nem se sabia quais eram.


Possuímos atualmente todo o conforto que a contemporaneidade proporciona, água encanada e energia elétrica, (ou a maioria possuí), moradia, segurança, internet, alimentos disponíveis para todos, embora nem todos tenham a mesmas condições de compra, há informação referente e relevante disponível sobre o vírus e como se prevenir quanto ao contágio. Não há o pânico de uma guerra a torturar-nos dia pós dia, como não há a eminência de uma bomba cair sobre sua cabeça. Então se as condições de enfrentamento do vírus são menos frágeis que de crises outrora, sejam elas pandêmicas ou bélicas, a pergunta que fica é, porque é tão difícil o entendimento que cada um de nós tem um papel preponderante nessa luta, em especial para evitar a propagação do vírus?


 Ao analisar pelo comportamento das pessoas, temos a impressão que se perdeu realmente o medo do vírus, mesmo com tudo que está acontecendo, e como consequência, se age como se age, com displicência e dando de ombros para a pandemia, propiciando mais contágio, mais vidas perdidas, mais crise econômica e mais tristeza e dor. Lembro então da afirmação de Jean-Paul Sartre, filósofo francês, do início do século XX: “Não há necessidade de grelha, o inferno são os outros”. O problema é o outro, sempre o outro, mas até quando vamos nos negar a assumir a parte que nos cabe nessa história, assumir a nossa responsabilidade?


O que quero dizer é, quando uma crise sanitária acontecia no passado ou quando uma guerra era declarada a única coisa que você poderia fazer é escolher um lado e lutar com unhas e dentes por uma bandeira e pela vida, com as condições que tinha nas mãos, e vamos combinar que hoje em dia tá tão mais fácil fazer isso. Aqui e agora, diante da pandemia, o gesto épico e heroico que você pode fazer, não é empunhar um rifle e abater milhares de inimigos, mas seguir um simples protocolo de segurança, usar máscara ao sair à rua, álcool gel nas mãos e principalmente evitar aglomerações, evitar festas clandestinas e não propagar a vírus. Essa é uma garantia irrefutável que mesmo por um momento estaremos sendo pró ativos na luta contra o coronavírus, sendo bravos soldados cumpridores da sua missão, enquanto aguardamos a vacina e a retomada de "uma vida normal".

Adriel Gonçalves
Cotidiano

Outras publicações

12 mar 21 | 19h08 Por Adriel Gonçalves

Qual seria o impacto que a pandemia proporcionaria se tivesse ocorrido há algumas décadas atrás?

Qual seria o impacto que a pandemia proporcionaria se tivesse ocorrido há algumas décadas atrás?


Se buscarmos na história resposta para essa questão, vamos lembrar que houve uma pandemia de escala global, em linhas gerais, muito parecida com a do coronavírus, foi a gripe espanhola que ocorreu há mais ou menos 100 anos atrás. Porém vamos combinar que ficar em quarentena, hoje em dia, com um pote de pipoca nas mãos vendo Netflix e tomando cerveja é muito mais fácil que lutar contra o vírus influenza da gripe espanhola, num período que não se tinha informação adequada a respeito do vírus, uma medicina que não contava com os recursos que hoje conta, padrões sanitários inadequados, escassez de alimentos entre outras dificuldades inerentes à época, resultado, que a pandemia que durou 2 anos de 1918 a 1919, deixou mais de 20 milhões de mortos pelo mundo todo e pelo menos 600 milhões de infectados.


Nessa comparação com outros momentos de crises que a humanidade enfrentou, como as grandes guerras e pandemias, vamos acabar percebendo que sim, estamos em condição privilegiada de luta, não estou banalizando o vírus, pelo contrário até porque faço essa afirmação no pior momento da pandemia, hospitais lotados e com filas de espera por leitos, recordes diários de mortes, lockdown em diversas cidades entre outros dados entristecedores que essa pandemia da causa.

O fato que as soluções que norteiam nossas ações diárias, e vão desde fazer negócios via internet, a pagar contas pelo smartphone, pedir comida em casa, e principalmente no contexto de entretenimento, pois é inegável que passar por uma quarentena sem assistir filmes ou a sua série favorita, seria de um tédio sem tamanho, assim como seria deprimente ficar sem qualquer contato com amigos e familiares que se dá geralmente via redes sociais, Whats app, Facebook e Instagram. Inegavelmente a tecnologia remodelou nossos comportamentos e hábitos, por consequência facilitando o enfrentamento das dificuldades, como é o caso da pandemia do coronavírus.


Durante as adversidades que pautaram a história da humanidade, as pessoas lutaram para salvar o que lhes era, ou parecia ser mais precioso, fosse a liberdade, a honra, a terra ou própria vida com as condições que cada época oferecia. Perceba, passar por uma guerra por exemplo, é muito distante de encarar uma pandemia, parece óbvio, mas exige uma compreensão analítica. O indivíduo que se vê no meio de uma guerra, tinha muitas vezes, a casa destruída, passava fome, perdia entes queridos e amigos, perdia-se tudo, em certas ocasiões até a dignidade em nome de bandeiras e valores que muitas vezes nem se sabia quais eram.


Possuímos atualmente todo o conforto que a contemporaneidade proporciona, água encanada e energia elétrica, (ou a maioria possuí), moradia, segurança, internet, alimentos disponíveis para todos, embora nem todos tenham a mesmas condições de compra, há informação referente e relevante disponível sobre o vírus e como se prevenir quanto ao contágio. Não há o pânico de uma guerra a torturar-nos dia pós dia, como não há a eminência de uma bomba cair sobre sua cabeça. Então se as condições de enfrentamento do vírus são menos frágeis que de crises outrora, sejam elas pandêmicas ou bélicas, a pergunta que fica é, porque é tão difícil o entendimento que cada um de nós tem um papel preponderante nessa luta, em especial para evitar a propagação do vírus?


 Ao analisar pelo comportamento das pessoas, temos a impressão que se perdeu realmente o medo do vírus, mesmo com tudo que está acontecendo, e como consequência, se age como se age, com displicência e dando de ombros para a pandemia, propiciando mais contágio, mais vidas perdidas, mais crise econômica e mais tristeza e dor. Lembro então da afirmação de Jean-Paul Sartre, filósofo francês, do início do século XX: “Não há necessidade de grelha, o inferno são os outros”. O problema é o outro, sempre o outro, mas até quando vamos nos negar a assumir a parte que nos cabe nessa história, assumir a nossa responsabilidade?


O que quero dizer é, quando uma crise sanitária acontecia no passado ou quando uma guerra era declarada a única coisa que você poderia fazer é escolher um lado e lutar com unhas e dentes por uma bandeira e pela vida, com as condições que tinha nas mãos, e vamos combinar que hoje em dia tá tão mais fácil fazer isso. Aqui e agora, diante da pandemia, o gesto épico e heroico que você pode fazer, não é empunhar um rifle e abater milhares de inimigos, mas seguir um simples protocolo de segurança, usar máscara ao sair à rua, álcool gel nas mãos e principalmente evitar aglomerações, evitar festas clandestinas e não propagar a vírus. Essa é uma garantia irrefutável que mesmo por um momento estaremos sendo pró ativos na luta contra o coronavírus, sendo bravos soldados cumpridores da sua missão, enquanto aguardamos a vacina e a retomada de "uma vida normal".