Economia

31 mai 19 | 9h13 Por Rádio Aliança

Empresas BRF e Marfrig negociam fusão

Acionistas da BRF devem ficar com 85% da empresa e do Marfrig com 15%. Conversas devem seguir por 90 dias

Empresas BRF e Marfrig negociam fusão
Imprimir

BRF e Marfrig informaram na quinta-feira, 30 de maio, que estão negociando uma fusão. Se as conversas forem bem sucedidas, a companhia resultante seria uma nova gigante do setor de carnes, ocupando o quarto lugar no ranking global, atrás apenas da brasileira JBS, a americana Tyson e a chinesa Smithfield.

 

Cálculos preliminares indicam que a nova empresa —que ainda não tem nome— pode alcançar cerca de R$ 80 bilhões de receitas e um ebitda (medida de geração de caixa) de R$ 7 bilhões.

 

Pelos termos já acertados até agora, os acionistas da BRF devem ficar com 85% do capital da nova empresa, enquanto os do Marfrig com 15%. Essa diferença, que ainda pode ser ajustada, é resultado da discrepância em valor de mercado das duas empresas.

 

    
Nesta quinta-feira (30), a BRF valia R$ 26,6 bilhões na bolsa de valores, enquanto o Marfrig estava cotado em R$ 4,2 bilhões. Ainda assim, pessoas próximas ao negócio avaliam que uma das maiores dificuldades será negociar um acordo de acionistas que acomode tantos interesses.

 

Do lado da Marfrig, estarão seu fundador, o empresário Marcos Molina, e o BNDES, segundo maior sócio do frigorífico com quase 34% de participação. Pela BRF, os sócios mais relevantes são os fundos de pensão Petros (Petrobras), com 11,5%, Previ (Banco do Brasil), com 10,7%, além de outros com menos de 5%, como o fundo Tarpon, o empresário Abilio Diniz. Esses sócios viveram um longo conflito até que Pedro Parente, ex-Petrobras, assumiu a companhia.

 

O negócio, que ainda não tem assessores financeiros contratados, vem sendo discutido diretamente por Marcos Molina, fundador do Marfrig, e Pedro Parente, presidente do conselho de administração da BRF. Segundo uma pessoa a par das discussões ouvidas pela reportagem, a fusão entre as duas companhias eram um sonho antigo de Molina.

 

As duas empresas assinaram um memorando de entendimentos, o que significa que vão negociar com exclusividade por 90 dias, prorrogáveis por mais de 30 dias. Ao final do período, será tomada a decisão se a fusão ocorrerá ou não.

 

Do ponto de vista operacional, BRF e Marfrig são bastante complementares. Enquanto a BRF é forte no mercado de frango e suíno e em alimentos processados, a Marfrig só atua em carne bovina. 

 

A empresa de Marcos Molina vinha desinvestindo no negócio de carne de frango desde junho de 2013, quando vendeu a Seara no Brasil para a JBS. Em agosto do ano passado, deixou o ramo totalmente, depois de passar a Keystone nos Estados Unidos para a Tyson.

 

Já a BRF, resultante da fusão de Sadia e Perdigão, nunca operou significativamente em bovinos. Anos atrás, a Sadia chegou a se arriscar no negócio, mas logo desistiu. Por conta disso, uma fusão entre BRF e Marfrig não deve enfrentar problemas nos órgãos de defesa da concorrência.

 

A futura gigante das carnes também teria uma presença global relevante. A Marfrig tem forte presença nos Estados Unidos, depois da compra de 51% da National Beef. Já a BRF está mais focada na América Latina e no Oriente Médio.

 

Se o negócio vingar, a receita da nova companhia estaria bem equilibrada: 35% da América Latina, 32% dos Estados Unidos, 13% da Ásia, 12% do Oriente Médio e 3% da Europa.  

 

​A BRF entra na negociação da fusão em um momento delicado. No ano passado, a empresa registrou um prejuízo de R$ 4,4 bilhões - o maior de sua história e após alguns anos de resultados negativos.


    
O fraco desempenho é consequência de uma tempestade perfeita: as investigações da Polícia Federal por fraude, que resultaram em bloqueios internacionais contra a carne de frango, e os problemas de governança, após a briga entre os sócios, e os equívocos cometidos na gestão de Abilio Diniz.

 

Já a Marfrig, que quase quebrou em 2013 por causa do endividamento excessivo, teve um bom desempenho em 2018, com um lucro líquido de R$ 4,9 bilhões. A empresa se beneficiou dos bons resultados de suas operações na América do Norte.


    
BRF e Marfrig já vinham se aproximando nos últimos tempos. Em dezembro de 2018, a BRF vendeu a Quick Foods na Argentina para a Marfrig. Em janeiro de 2019, foi a vez de passar para o concorrente e agora futuro sócio a unidade de produção de hambúrgueres em Vargem Grande (MT), transformando a Marfrig no maior fornecedor do produto para a BRF.

 

Fonte: Folha de São Paulo

31 mai 19 | 9h13 Por Rádio Aliança

Empresas BRF e Marfrig negociam fusão

Acionistas da BRF devem ficar com 85% da empresa e do Marfrig com 15%. Conversas devem seguir por 90 dias

Empresas BRF e Marfrig negociam fusão

BRF e Marfrig informaram na quinta-feira, 30 de maio, que estão negociando uma fusão. Se as conversas forem bem sucedidas, a companhia resultante seria uma nova gigante do setor de carnes, ocupando o quarto lugar no ranking global, atrás apenas da brasileira JBS, a americana Tyson e a chinesa Smithfield.

 

Cálculos preliminares indicam que a nova empresa —que ainda não tem nome— pode alcançar cerca de R$ 80 bilhões de receitas e um ebitda (medida de geração de caixa) de R$ 7 bilhões.

 

Pelos termos já acertados até agora, os acionistas da BRF devem ficar com 85% do capital da nova empresa, enquanto os do Marfrig com 15%. Essa diferença, que ainda pode ser ajustada, é resultado da discrepância em valor de mercado das duas empresas.

 

    
Nesta quinta-feira (30), a BRF valia R$ 26,6 bilhões na bolsa de valores, enquanto o Marfrig estava cotado em R$ 4,2 bilhões. Ainda assim, pessoas próximas ao negócio avaliam que uma das maiores dificuldades será negociar um acordo de acionistas que acomode tantos interesses.

 

Do lado da Marfrig, estarão seu fundador, o empresário Marcos Molina, e o BNDES, segundo maior sócio do frigorífico com quase 34% de participação. Pela BRF, os sócios mais relevantes são os fundos de pensão Petros (Petrobras), com 11,5%, Previ (Banco do Brasil), com 10,7%, além de outros com menos de 5%, como o fundo Tarpon, o empresário Abilio Diniz. Esses sócios viveram um longo conflito até que Pedro Parente, ex-Petrobras, assumiu a companhia.

 

O negócio, que ainda não tem assessores financeiros contratados, vem sendo discutido diretamente por Marcos Molina, fundador do Marfrig, e Pedro Parente, presidente do conselho de administração da BRF. Segundo uma pessoa a par das discussões ouvidas pela reportagem, a fusão entre as duas companhias eram um sonho antigo de Molina.

 

As duas empresas assinaram um memorando de entendimentos, o que significa que vão negociar com exclusividade por 90 dias, prorrogáveis por mais de 30 dias. Ao final do período, será tomada a decisão se a fusão ocorrerá ou não.

 

Do ponto de vista operacional, BRF e Marfrig são bastante complementares. Enquanto a BRF é forte no mercado de frango e suíno e em alimentos processados, a Marfrig só atua em carne bovina. 

 

A empresa de Marcos Molina vinha desinvestindo no negócio de carne de frango desde junho de 2013, quando vendeu a Seara no Brasil para a JBS. Em agosto do ano passado, deixou o ramo totalmente, depois de passar a Keystone nos Estados Unidos para a Tyson.

 

Já a BRF, resultante da fusão de Sadia e Perdigão, nunca operou significativamente em bovinos. Anos atrás, a Sadia chegou a se arriscar no negócio, mas logo desistiu. Por conta disso, uma fusão entre BRF e Marfrig não deve enfrentar problemas nos órgãos de defesa da concorrência.

 

A futura gigante das carnes também teria uma presença global relevante. A Marfrig tem forte presença nos Estados Unidos, depois da compra de 51% da National Beef. Já a BRF está mais focada na América Latina e no Oriente Médio.

 

Se o negócio vingar, a receita da nova companhia estaria bem equilibrada: 35% da América Latina, 32% dos Estados Unidos, 13% da Ásia, 12% do Oriente Médio e 3% da Europa.  

 

​A BRF entra na negociação da fusão em um momento delicado. No ano passado, a empresa registrou um prejuízo de R$ 4,4 bilhões - o maior de sua história e após alguns anos de resultados negativos.


    
O fraco desempenho é consequência de uma tempestade perfeita: as investigações da Polícia Federal por fraude, que resultaram em bloqueios internacionais contra a carne de frango, e os problemas de governança, após a briga entre os sócios, e os equívocos cometidos na gestão de Abilio Diniz.

 

Já a Marfrig, que quase quebrou em 2013 por causa do endividamento excessivo, teve um bom desempenho em 2018, com um lucro líquido de R$ 4,9 bilhões. A empresa se beneficiou dos bons resultados de suas operações na América do Norte.


    
BRF e Marfrig já vinham se aproximando nos últimos tempos. Em dezembro de 2018, a BRF vendeu a Quick Foods na Argentina para a Marfrig. Em janeiro de 2019, foi a vez de passar para o concorrente e agora futuro sócio a unidade de produção de hambúrgueres em Vargem Grande (MT), transformando a Marfrig no maior fornecedor do produto para a BRF.

 

Fonte: Folha de São Paulo