Opinião

A (in)utilidade da CPI da Covid-19

por: Lúcio Mauro

É vergonhosa – para não dizer outra coisa! – a patética atuação da CPI da Covid-19 no Congresso Nacional. Criada em 13 de abril deste ano e prestes a completar seis meses de “trabalhos”, a Comissão Parlamentar de Inquérito teve seu pior momento na última semana, quando do embate acalorado em rede nacional entre o senador catarinense Jorginho Mello (PL), principal voz do presidente Jair Bolsonaro em Santa Catarina, e o relator da CPI, o senador alagoano Renan Calheiros (MDB). A discussão só não terminou em vias de fato por causa de 20 centímetros, brinquei com amigos nos últimos dias. Acontece que essa é a diferença de tamanho de Mello para Calheiros, que se xingaram durante cinco minutos, com transmissão ao vivo para todo o país.


O bate-boca só ocorreu porque Renan Calheiros, político da velha-guarda brasileira e com a ficha mais suja do que “pau de galinheiro”, chamou Jorginho Mello de “vagabundo”. O senador catarinense não se fez de rogado e partiu para cima do relator da CPI, e aí a turma do “deixa disso” precisou entrar em ação.


Nesta quarta-feira, quem compareceu à CPI foi o empresário catarinense Luciano Hang, proprietário da rede de megalojas HAVAN. Convocado para prestar esclarecimentos, Hang também adotou uma postura mais ofensiva do que defensiva e falou muitas verdades que milhares de cidadãos catarinenses e brasileiros gostariam de falar. Vejam a que ponto chegamos: um empresário que gera 22 mil postos de trabalho, que paga seus impostos em dia e que até o final do ano terá uma rede com 190 lojas funcionando, precisa “perder tempo” de dar explicações sobre o por que é amigo e apoiador do presidente da República! É o fim da picada!


A CPI da Covid-19, para mim, não deveria sob hipótese alguma ter sido criada. É uma comissão 100% parcial, haja vista que única e exclusivamente está investigando atos do Palácio do Planalto e abriu mão de investigar governadores e prefeitos. Ora, os recursos públicos partiram de Brasília e chegaram aos cofres dos governos estaduais e municipais; entretanto, prefeitos e governadores não precisarão prestar contas alguma. Somente o presidente da República! Não há necessidade de acrescentarmos mais nada! A meu ver, é perseguição escancarada!