Nossa Opinião

Para recuperar o respeito ao professor e à escola

por: Rádio Aliança

O caso de violência contra uma professora em plena sala de aula e na frente de uma turma de crianças, todas com quatro ou cinco anos, chamou a atenção porque é um tipo de situação que não é comum para a nossa realidade. Uma mãe, aparentemente motivada por fatores extra classe, entrou na sala de aula e investiu contra a educadora que, pelo relato, foi agarrada pelo pescoço e projetada ao chão. Isso aconteceu nesta semana e em Concórdia.


Essa situação, que teve repercussão nos meios de comunicação, inclusive aqui na Rádio Aliança, não deixou somente marcas no corpo dessa professora. Também provocou traumas nas crianças que presenciaram tal fato. Acredito que uma parte delas precisará de acompanhamento para superar o que presenciaram. Digo isso baseado nas informações que obtivemos. O triste episódio aconteceu na terça-feira, dia quatro. Na quarta-feira, dia cinco, algumas crianças teriam pedido para os pais permanecerem na escola durante a aula, ainda chocadas com o que viram.


O que aconteceu com essa professora, apesar dessa proporção que na minha opinião é grave, é apenas uma pequena parcela dos que os professores, em nível de Brasil, passam. Essa situação não é comum na nossa região, mas há outros fatores que são considerados como agressão aos professores, a maioria relacionada diretamente nas relações em sala de aula. Os exemplos são muitos e vão desde a indisciplina dos alunos, fruto da falta de uma orientação e acompanhamento familiar, até de familiares de alunos, que não concordando com qualquer avaliação que considere baixo o desempenho escolar, praticam a tal "tirada de satisfação" com o educador.


É comum ouvir dos nossos pais que o professor, no tempo deles, era uma espécie de "autoridade" em sala de aula. Hoje, pelos relatos, muito dessa autoridade se perdeu com o tempo. O motivo e em qual momento na história isso aconteceu? Não se sabe! 


Além da questão dos professores, a escola também está sendo relegada a um papel que originalmente não lhe compete. Mas que na medida do possível está se adequando, conforme a necessidade dos tempos. Além de transmitir o conhecimento, a sala de aula virou centro de debate debates sobre temas ligados ao comportamento do ser humano, de acordo com o que estiver em vigor no momento. Temas como sexualidade e política, por exemplo, estão sendo abordadas em sala de aula. Acho que essa abordagem, sim, importante com os alunos, desde que se leve em consideração a faixa etária para a compreensão desses temas.


Porém, vejo que a escola está sendo também alvejada por opiniões e preceitos parciais, que sustentam individualmente doutrinas religiosas ou político-partidárias, que muitas vezes chegam ao absurdo de imputar ao professor o papel de ser submetido a uma vigilância ferrenha pelo aluno, como ser filmado pelo celular em sala de aula, quando na verdade a vigilância tem que ser do professor para com o aluno!


Para finalizar, a violência sofrida pela professora nesta semana é uma gota no oceano, comparado com o que acontece no Brasil em termos gerais. É necessário que se permita à escola desempenhar o seu verdadeiro papel, de educar e transmitir conhecimento, para que o respeito ao professor retorne também ao natural.