Nossa Opinião

19 out 18 | 6h00 Por Rádio Aliança

O papel "dispensável" da religião na política

Quando os preceitos religiosos são usados para defender determinado candidato ou partido, a liberdade corre risco.

O papel "dispensável" da religião na política
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Jamais vou concordar com a mistura de religião e política. Porém, estamos vendo isso nas eleições de 2018. Bem verdade que esse envolvimento sempre existiu, mas não com a força de agora, especialmente pelas redes sociais. Virou rotina você receber nos grupos de whatsapp ou no próprio facebook uma saraivada de manifestações de líderes religiosos, ou supostos líderes - ainda não sei -, dando seus “pitacos” sobre determinados candidatos ou partidos nestas eleições. Até agora não descobri se essas opiniões são emitidas de forma deliberada, por vontade própria desses sacerdotes ou líderes religiosos ou ainda se tem a concordância da igreja a qual eles representam. 


A igreja, assim como a política, são aparelhos ideológicos que ajudam a moldar a conduta, ou parte dela, do cidadão mediante os princípios que preconizam. Quando há uma espécie de sobreposição de um aparelho sobre o outro, na minha opinião, é aí que mora o perigo. Nesse caso da religião com a política, corre-se o risco de iniciar um estabelecimento de um estado fundamentalista, assim como ocorre em alguns países do Oriente Médio e isso não faz parte da nossa cultura civil.


No meu entendimento, a religião é importante para estabelecer diretrizes de uma conduta social de fraternidade, do diálogo e o mais importante, da liberdade do povo. Liberdade que eu me refiro para decidir pelo que é melhor para si baseado nos fundamentos que são defendidos pela própria igreja. Ou seja, duas pessoas podem ter opiniões e visões diferentes do mundo, podendo seguir os mesmos preceitos que diz a bíblia. A subjetividade é da nossa natureza.


Porém, o que eu percebo é que a diretriz da liberdade do povo está sendo atropelada por alguns supostos sacerdotes, ainda mais agora em época de eleição. Afirmar publicamente que tal religião apoia determinado candidato, ou que fulano é o "candidato de Deus" e o seu oponente é o "candidato do satanás", além de outras argumentações carregadas de parcialidades, é sim, na minha opinião, interferir na liberdade do povo. E isso não pode acontecer.


Não que o sacerdote ou líder religioso não tenha o direito de ter opinião e emiti-la. Todo homem tem esse direito. Porém, deve fazer isso não nos templos e nas igrejas. Não pode misturar as coisas. Infelizmente é isso que estamos vendo.


Como já foi dito aqui nesse espaço, a política é uma ciência que ainda é cercada de seus dogmas que são de sua natureza (dogmas são pontos apresentados e considerados pelo senso comum como certos e indiscutíveis, por exemplo, de que todo político é ladrão). O baixo nível de senso crítico do povo ajuda a potencializar esses dogmas. Diante disso é completamente dispensável que a religião, ainda mais nesse momento, deposite os seus dogmas na política. É melhor cada um no seu quadrado!

 

19 out 18 | 6h00 Por Rádio Aliança

O papel "dispensável" da religião na política

Quando os preceitos religiosos são usados para defender determinado candidato ou partido, a liberdade corre risco.

O papel "dispensável" da religião na política

Jamais vou concordar com a mistura de religião e política. Porém, estamos vendo isso nas eleições de 2018. Bem verdade que esse envolvimento sempre existiu, mas não com a força de agora, especialmente pelas redes sociais. Virou rotina você receber nos grupos de whatsapp ou no próprio facebook uma saraivada de manifestações de líderes religiosos, ou supostos líderes - ainda não sei -, dando seus “pitacos” sobre determinados candidatos ou partidos nestas eleições. Até agora não descobri se essas opiniões são emitidas de forma deliberada, por vontade própria desses sacerdotes ou líderes religiosos ou ainda se tem a concordância da igreja a qual eles representam. 


A igreja, assim como a política, são aparelhos ideológicos que ajudam a moldar a conduta, ou parte dela, do cidadão mediante os princípios que preconizam. Quando há uma espécie de sobreposição de um aparelho sobre o outro, na minha opinião, é aí que mora o perigo. Nesse caso da religião com a política, corre-se o risco de iniciar um estabelecimento de um estado fundamentalista, assim como ocorre em alguns países do Oriente Médio e isso não faz parte da nossa cultura civil.


No meu entendimento, a religião é importante para estabelecer diretrizes de uma conduta social de fraternidade, do diálogo e o mais importante, da liberdade do povo. Liberdade que eu me refiro para decidir pelo que é melhor para si baseado nos fundamentos que são defendidos pela própria igreja. Ou seja, duas pessoas podem ter opiniões e visões diferentes do mundo, podendo seguir os mesmos preceitos que diz a bíblia. A subjetividade é da nossa natureza.


Porém, o que eu percebo é que a diretriz da liberdade do povo está sendo atropelada por alguns supostos sacerdotes, ainda mais agora em época de eleição. Afirmar publicamente que tal religião apoia determinado candidato, ou que fulano é o "candidato de Deus" e o seu oponente é o "candidato do satanás", além de outras argumentações carregadas de parcialidades, é sim, na minha opinião, interferir na liberdade do povo. E isso não pode acontecer.


Não que o sacerdote ou líder religioso não tenha o direito de ter opinião e emiti-la. Todo homem tem esse direito. Porém, deve fazer isso não nos templos e nas igrejas. Não pode misturar as coisas. Infelizmente é isso que estamos vendo.


Como já foi dito aqui nesse espaço, a política é uma ciência que ainda é cercada de seus dogmas que são de sua natureza (dogmas são pontos apresentados e considerados pelo senso comum como certos e indiscutíveis, por exemplo, de que todo político é ladrão). O baixo nível de senso crítico do povo ajuda a potencializar esses dogmas. Diante disso é completamente dispensável que a religião, ainda mais nesse momento, deposite os seus dogmas na política. É melhor cada um no seu quadrado!