Eleições 2008

07 out 08 | 7h56 Por Rádio Aliança

Luiz Fernando Furlan reassume Sadia depois de seis anos. Walter Fontana Filho renuncia

Luiz Fernando Furlan reassume Sadia depois de seis anos. Walter Fontana Filho renuncia
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Seis anos após deixar a Sadia para comandar o Ministério do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan reassumiu a presidência do conselho de administração da empresa, uma das maiores fabricantes de alimentos do país. Conforme EXAME antecipou, o retorno de Furlan é uma resposta às perdas de 760 milhões de reais com apostas equivocadas em derivativos, anunciadas pela Sadia ao mercado há duas semanas. Desde então, as ações da empresa, que valiam mais de 10 reais, passaram a oscilar entre 5 e 6 reais e fecharam cotadas a 5,60 reais nesta segunda-feira.

Furlan vai substituir Walter Fontana Filho, que recentemente apresentou sua carta de renúncia. Fontana sai desgastado do episódio, já que era a ele que Adriano Ferreira, então diretor financeiro, respondia - e não a Gilberto Tomazoni, presidente executivo da economia. Ferreira foi demitido após o conselho descobrir que ele havia apostado na queda do dólar um montante de recursos muito superior ao necessário para cobrir eventuais prejuízos da Sadia com a variação cambial - contrariando as regras do estatuto da companhia.

Com a alta do dólar, a Sadia teve de desmontar as operações e assumir o prejuízo. A empresa também contratou a consultoria KPMG para fazer uma auditoria em suas contas e descobrir se houve falhas nos controles internos de operações financeiras. Os primeiros relatórios sobre o caso devem ser entregues até o final da próxima semana. "O Walter decidiu se afastar do conselho para dar total transparência e tranqüilidade à auditoria", diz Furlan. "Vamos buscar dar tranqüilidade ao mercado e mostrar que a Sadia continua sendo uma empresa forte, uma grande empregadora e a sétima maior exportadora do país."

Segundo ele, a empresa tem 1,5 bilhão de reais em caixa, dinheiro suficiente para manter seu plano de investimentos, que prevê a inauguração de seis novas fábricas nos próximos meses. Juntas, essas seis operações vão elevar o faturamento da Sadia em 4 bilhões de reais em 2010.

O principal desafio de Furlan é reconquistar a confiança do mercado nos resultados. Na semana passada, a Merrill Lynch recomendou aos investidores trocar o investimento em ações da Sadia pelas da Perdigão. A corretora Planner divulgou relatório nesta segunda-feira no qual recomenda a venda de ações da Sadia porque o episódio "pôs em dúvida sua credibilidade" e pode "levar ao engessamento de sua atividade e à perda de participação de mercado". "A companhia deverá revisar os projetos de investimentos para 2009", afirma o relatório.

Apesar de a empresa ter conseguido um crédito de 900 milhões de reais junto ao Banco do Brasil no mês passado, a Planner acredita que a Sadia terá necessidade de captar novos recursos. "Em razão da instabilidade provocada pela crise de confiança do sistema financeiro dos Estados Unidos e o seu contágio para o mercado global, (...) a elevação da taxa de juros destes empréstimos impactará negativamente sobre as operações de financiamento da companhia", diz o relatório.

Além da Sadia, a Aracruz também teve problema semelhante com apostas na desvalorização do dólar. A fabricante de celulose informou que teria um prejuízo ainda maior se desmontasse as operações no final de setembro: 1,95 bilhão de reais. A empresa, no entanto, não revelou se já se desfez desses contratos ou se mantém as apostas na queda do dólar. Assim como a Sadia, a Aracruz também afastou o diretor financeiro, Isac Zagury. Já a CSN informou que terá um lucro menor com derivativos ligados à cotação de suas ADRs (papéis negociados nos Estados Unidos). A siderúrgica também informou que o efeito em seu balanço do terceiro trimestre será apenas contábil - e não vai reduzir o caixa.

07 out 08 | 7h56 Por Rádio Aliança

Luiz Fernando Furlan reassume Sadia depois de seis anos. Walter Fontana Filho renuncia

Luiz Fernando Furlan reassume Sadia depois de seis anos. Walter Fontana Filho renuncia

Seis anos após deixar a Sadia para comandar o Ministério do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan reassumiu a presidência do conselho de administração da empresa, uma das maiores fabricantes de alimentos do país. Conforme EXAME antecipou, o retorno de Furlan é uma resposta às perdas de 760 milhões de reais com apostas equivocadas em derivativos, anunciadas pela Sadia ao mercado há duas semanas. Desde então, as ações da empresa, que valiam mais de 10 reais, passaram a oscilar entre 5 e 6 reais e fecharam cotadas a 5,60 reais nesta segunda-feira.

Furlan vai substituir Walter Fontana Filho, que recentemente apresentou sua carta de renúncia. Fontana sai desgastado do episódio, já que era a ele que Adriano Ferreira, então diretor financeiro, respondia - e não a Gilberto Tomazoni, presidente executivo da economia. Ferreira foi demitido após o conselho descobrir que ele havia apostado na queda do dólar um montante de recursos muito superior ao necessário para cobrir eventuais prejuízos da Sadia com a variação cambial - contrariando as regras do estatuto da companhia.

Com a alta do dólar, a Sadia teve de desmontar as operações e assumir o prejuízo. A empresa também contratou a consultoria KPMG para fazer uma auditoria em suas contas e descobrir se houve falhas nos controles internos de operações financeiras. Os primeiros relatórios sobre o caso devem ser entregues até o final da próxima semana. "O Walter decidiu se afastar do conselho para dar total transparência e tranqüilidade à auditoria", diz Furlan. "Vamos buscar dar tranqüilidade ao mercado e mostrar que a Sadia continua sendo uma empresa forte, uma grande empregadora e a sétima maior exportadora do país."

Segundo ele, a empresa tem 1,5 bilhão de reais em caixa, dinheiro suficiente para manter seu plano de investimentos, que prevê a inauguração de seis novas fábricas nos próximos meses. Juntas, essas seis operações vão elevar o faturamento da Sadia em 4 bilhões de reais em 2010.

O principal desafio de Furlan é reconquistar a confiança do mercado nos resultados. Na semana passada, a Merrill Lynch recomendou aos investidores trocar o investimento em ações da Sadia pelas da Perdigão. A corretora Planner divulgou relatório nesta segunda-feira no qual recomenda a venda de ações da Sadia porque o episódio "pôs em dúvida sua credibilidade" e pode "levar ao engessamento de sua atividade e à perda de participação de mercado". "A companhia deverá revisar os projetos de investimentos para 2009", afirma o relatório.

Apesar de a empresa ter conseguido um crédito de 900 milhões de reais junto ao Banco do Brasil no mês passado, a Planner acredita que a Sadia terá necessidade de captar novos recursos. "Em razão da instabilidade provocada pela crise de confiança do sistema financeiro dos Estados Unidos e o seu contágio para o mercado global, (...) a elevação da taxa de juros destes empréstimos impactará negativamente sobre as operações de financiamento da companhia", diz o relatório.

Além da Sadia, a Aracruz também teve problema semelhante com apostas na desvalorização do dólar. A fabricante de celulose informou que teria um prejuízo ainda maior se desmontasse as operações no final de setembro: 1,95 bilhão de reais. A empresa, no entanto, não revelou se já se desfez desses contratos ou se mantém as apostas na queda do dólar. Assim como a Sadia, a Aracruz também afastou o diretor financeiro, Isac Zagury. Já a CSN informou que terá um lucro menor com derivativos ligados à cotação de suas ADRs (papéis negociados nos Estados Unidos). A siderúrgica também informou que o efeito em seu balanço do terceiro trimestre será apenas contábil - e não vai reduzir o caixa.